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Comitê de Mulheres da UNI Américas discute os impactos da pandemia na vida das mulheres

Mulheres de vários países da América se reuniram on line para debater sobre os impactos da pandemia na vida das mulheres. A reunião ocorreu nesta sexta-feira, 15 de outubro. Pelo nosso setor, participaram deste evento Cristiane do Nascimento, Vice Presidenta do Comitê Uni Américas Mulher e diretora Social do SINTETEL e Maria Edna de Medeiros diretora do SINTETEL  e da FENATTEL.

Muitos setores são essenciais para sociedade e não pararam suas atividades. Entre eles, o setor de telecomunicações. Pelo contrário, a demanda aumentou muito com a migração de milhares de trabalhadores para teletrabalho.

Quando a pandemia eclodiu grande parte das empresas decretaram o teletrabalho, o que por um lado foi muito positivo, pois dava mais segurança para os trabalhadores num momento de muitas incertezas e medos. Mas para as mulheres, o cenário foi  diferente.

Em primeiro lugar, como o teletrabalho foi implementado de maneira súbita, muitas residências não estavam preparadas para isso. Foi preciso transformar espaços, muitas vezes de lazer, em áreas de trabalho e estudo. A casa se tornou o lugar onde uma só mulher precisou ser várias: trabalhadora, mãe, dona de casa, esposa e cuidadora. 

Com o fechamento das escolas e creches, de imediato  muitas mulheres foram obrigadas a pedirem demissão, pois não tinham onde deixar as crianças. E outro desafio foi virar professora dos filhos, o que ocasionou muito estresse, pois a maioria não estava preparada para isso.

No setor de teleatendimento no qual a participação de mulheres é muito grande, muitas empresas continuaram com o trabalho presencial, mas sem adequação aos protocolos de segurança. Isso gerou muito medo de contaminação no transporte ou na empresa. Além disso, o temor de levarem o vírus para casa. Os sindicatos atuaram muito forte contra as empresas, até que se adequaram às orientações dos órgãos de saúde e forneceram os kits de segurança. 

Outro problema devastador registrado foi o aumento da violência doméstica contras as mulheres e os feminicídios.

Confinadas em seus lares por causa da pandemia da Covid-19, as mulheres ficaram duplamente ameaçadas: por um vírus potencialmente letal e por pessoas violentas de seu próprio convívio doméstico.

Muitas mulheres foram submetidas a sessões diárias de maus tratos ou de tortura física, sexual, psicológica e moral que, de igual modo, coloca suas vidas em risco e lhes causa imensa dor.
O Brasil tem a lei Maria da Penha que é específica para tratar as violências domésticas, mas precisamos de muito mais para proteger as mulheres. Hoje temos a medida protetiva, na qual o agressor deveria ficar longe das vítimas. Porém, a grande maioria simplesmente ignora a ordem judicial e pratica novamente agressões e mortes. Precisam de mais politicas públicas e leis severas contra esse tipo de crime. 

Os impactos da pandemia também chegaram à participação das mulheres no mercado de trabalho. O nível de participação feminino chegou a 45,8% no terceiro trimestre de 2020 e se tornou o mais baixo desde a década de 90.  As medidas de isolamento social somadas ao fechamento das escolas foram os responsáveis por provocar a grande perda de empregos para as mulheres.

A pandemia afetou também a Saúde emocional, uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Psiquiatria da escola de medicina da USP revelou que as mulheres são mais afetadas emocionalmente pela pandemia do que os homens. Elas respondem a 40,5% de sintomas de depressão, 34,9% de sintomas de ansiedade e 37,3% de estresse.
A pesquisa mostrou ainda que não é somente a saúde das mulheres que têm jornada materna e profissional que foi afetada. Mulheres que moram sozinhas e não têm filhos também relataram níveis altos de estresse, ansiedade e depressão.

Isso se deve também porque de maneira geral, são as mulheres que arcam com o peso das responsabilidades de cuidados em relação às doenças. Quando as escolas fecham e os familiares adoecem, são elas que cuidam. 

“Como podemos ver, os impactos da pandemia sobre as mulheres foram violentos. Precisamos discutir esses temas com a sociedade, pois são problemas sociais que precisam de solução. Vamos nos unir e cobrar do poder público, providências para acabar com esses crimes”, afirma Cristiane do Nascimento,Vice Presidenta do Comitê Uni Américas Mulher.