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Sintetel manifesta indignação com o resultado da pesquisa do Ipea

Mais de 65% dos brasileiros concordam totalmente com a afirmação “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar”. Já 58,5% acham que "se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".

Este foi o resultado de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do governo, realizado com quase 4 mil pessoas - homens e mulheres -  de 212 cidades. 

O objetivo era avaliar a percepção das famílias acerca das políticas públicas implementadas pelo Estado. Mas, para a secretária da mulher do Sintetel, Cenise Monteiro, o que se percebeu foi um comportamento arcaico que permeia a sociedade brasileira, ainda impregnada de um pensamento essencialmente machista. 

No documento sobre a pesquisa, divulgado na última quinta-feira (27/03), intitulado "Tolerância social à violência contra as mulheres", o Ipea chega à conclusão de que “os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais". Na avaliação do instituto, a violência "parece surgir" a partir dessa ideia.

A presidenta Dilma Rousseff acredita que as conclusões da pesquisa mostram a necessidade de garantir a aplicação de leis, como a Maria da Penha, que protege mulheres da violência doméstica e familiar. Ela comentou que o “governo e sociedade devem trabalhar juntos para atacar a violência contra a mulher, dentro e fora dos lares”.

O Sintetel entende que a implementação de mais políticas públicas de estado, através de instrumentos como a educação, podem ajudar a formar novas gerações que respeitem os direitos das mulheres. Isso porque uma das formas de se alcançar a diminuição deste fenômeno, além da garantia de punição para os agressores, é a educação e conscientização. 

Entender que essa é a realidade de muitas trabalhadoras fez com que o Sintetel realizasse vários trabalhos com esse propósito. “Em muitos casos, a mulher sofre violência, falta no serviço sem justificar e acaba demitida. Por esse motivo, estamos focados em, além de oferecer respaldo a essas mulheres, esclarecer para as empresas que isso deve ser levado em consideração”, explica a dirigente Cenise Monteiro. 

O agravante revelado na pesquisa é que mais da metade destes 65,1% são mulheres. Este comportamento é resquício de uma sociedade que, ainda 2014, convive com valores patriarcais e conservadores. 

Obviamente, este é um dado que não reflete o pensamento do Sindicato, mas que gera preocupações. Se as próprias mulheres não lutam contra esse pensamento, o que esperar dos homens? 

Mais uma prova de que transformar uma cultura com esses valores é um desafio. Atitudes que reflitam pensamentos como “A culpa não é minha, olha como você tá vestida!”, devem ser combatidos. Pois o único culpado de um estupro é o estuprador. 


*atualizada em 07/04/2014 

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