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Sindicato de trabalhadores faz críticas à falta de investimento

O Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações (Sintetel) criticou a falta de investimentos da Telefônica em infra-estrutura e descartou que a pane na rede da companhia, responsável por um apagão na internet e em sistema de transmissão de dados no Estado de São Paulo, esteja relacionada com o processo de terceirização na empresa ou dispensa de mão-de-obra.

No mês passado, mil funcionários de diversas áreas da companhia aderiram a um programa de demissão voluntária, com pagamento de incentivos, que, em média, foram de 40% do salário por ano trabalhado.

"As pessoas que se desligaram exerciam funções administrativas, técnicas, operacionais, ou eram aposentados com previsão de deixar a companhia. Mas, de forma alguma, essas dispensas estão relacionadas à pane", diz Mauro Cava de Britto, diretor do Sintetel. "Há anos o sindicato vem alertando a empresa de que é necessário que ocorram investimentos pesados na rede, na parte técnica, na infra-estrutura.

" Esses alertas, segundo ele, foram feitos em mais de uma oportunidade ao presidente mundial da Telefónica em encontros dentro e fora do país.

"Os investimentos envolvem custos pesados para atender o crescimento e a manutenção de toda a rede de atendimento, troca de cabos. Sabemos que há custos, mas são necessários.

" Na última terça-feira, a empresa anunciou investimentos da ordem de R$ 623 milhões para expandir e modernizar o acesso à internet rápida. O Speedy, que atende a residências e a pequenas e médias empresas, vai receber R$ 500 milhões desse total. O restante será empregado para levar a rede de fibra ótica a clientes residenciais de alguns bairros da capital paulista e de cidades do interior -hoje essa rede está disponível somente em 40 mil domicílios do bairro Jardins.

Nem mesmo o processo de terceirização dos empregados, que ocorre desde a privatização em 1998, pode ser apontado, segundo ele, como um dos fatores de piora da qualidade de serviços -o que em tese poderia ter relação com a pane no sistema.

"Os funcionários terceirizados já adquiriram o know-how, sabem o que fazem. Parte das empresas que assumiram prestação de serviços já está há dez anos executando atividades para a Telefônica. Não se pode apontar piora da qualidade com a terceirização para explicar a falha no sistema", diz.

A Folha apurou, entretanto, com funcionários da Telefônica, que a terceirização compromete a qualidade do serviço. Segundo eles, embora o treinamento seja pré-requisito antes de os terceirizados trabalharem na infra-estrutura da operadora, muitos desconhecem o que se chama de "documentação da rede" -um conjunto de protocolos que garante um padrão mínimo de qualidade.

Para o presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, a terceirização não afeta a qualidade dos serviços da operadora. "Esse é um modelo difundido em todo o mundo", diz Valente, ao ressaltar que os prestadores de serviços são devidamente treinados para enfrentar todo tipo de dificuldade.

Segundo o diretor do sindicato, há uma década a Telesp e a CTBC (concessionária que atendia a região do ABC e do Alto Tietê) empregavam juntas 25 mil pessoas. Hoje a Telefônica tem 6.000 empregados diretos no Estado de São Paulo.

Desde março, um grupo de trabalho foi montado para discutir a regulamentação da terceirização no setor, com representantes dos empregadores, das centrais sindicais e do governo. O sindicato representa 150 mil trabalhadores no Estado em diferentes empresas de telecomunicações. Desse total, 35 mil são empregados diretos e indiretos da Telefônica.

Fonte: Folha de São Paulo.
Autores: Claudia Rolli e Julio Wiziack.

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