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Pane parou serviços e empresas em SP e ameaça a Telefônica

Em uma estratégia para minimizar possíveis danos de imagem e financeiros com a interrupção e lentidão no acesso ao Speedy sentidos desde a noite de quarta-feira, o próprio presidente do Grupo Telefônica no Brasil, Antonio Carlos Valente, mobilizou-se ontem para telefonar aos principais clientes corporativos de seus serviços de banda larga no estado de São Paulo.

Ele desculpou-se pelo ocorrido e procurou tranqüilizar as grandes empresas e órgãos públicos - ainda que durante todo o dia de ontem a operadora espanhola buscasse um diagnóstico preciso para o problema.

"Passei o dia contatando autoridades e presidentes das empresas", afirmou Valente à Gazeta Mercantil, revelando no começo da noite que o problema, considerado "parcial e intermitente" ainda não estava identificado. "Temos centenas de elementos e equipamentos carregados em nossa rede de dados, como software, hardware, fibras e cabos."

As equipes técnicas da empresa voltaram todos os recursos para encontrar o diagnóstico. Funcionários que estavam em folga revelaram que foram convocados para ajudar, e, segundo Valente, todos os principais fornecedores de tecnologia da empresa estavam envolvidos, incluindo suas matrizes nos Estados Unidos.

Suspeita de sabotagem

Às 21 horas, a Telefônica comunicou a volta do serviço na capital, Grande São Paulo e Litoral, mas sem ainda ter identificado as causas. Segundo funcionários da equipe de tecnologia da empresa, que pediram para não se identificar, corriam rumores dentro da empresa de suspeitas de sabotagem interna, devido a alguns serviços de tecnologia da informação estarem sendo terceirizados para outras empresas.

Com a pane, empresas, serviços públicos e usuários domésticos registraram prejuízos na quinta-feira em que São Paulo comprovou sua dependência da internet.

O serviço Speedy, da Telefônica, fechou o primeiro trimestre deste ano com 2,166 milhões de usuários - em 407 cidades do Estado, o que representava 26,17% de participação do mercado brasileiro, à frente da Brasil Telecom (19,8%), Oi (19,8%) e Net (19,2%).

Da receita operacional bruta do primeiro trimestre , de R$ 5,557 bilhões, serviços de dados entraram com R$ 870,6 milhões.

Em comunicado enviado por fax à imprensa pela Telefônica no fim da tarde, a empresa afirmava que o problema afetava "alguns dos serviços a grandes empresas privadas e órgãos da administração pública nos âmbitos federal, estadual e municipal". Mas usuários domésticos de todo o Estado também alegaram dificuldades de acesso. A empresa justificou pelo fato de que poderia haver "dificuldades em se conectar à internet nos casos em que a conexão do provedor junto à rede de transmissão de dados tenha sido afetada por problemas técnicos".

Grande parte das pessoas que tentaram chamadas para o serviço de atendimento do Speedy não tinham sucesso. Mesmo os comunicados divulgados pela assessoria de comunicação da empresa precisaram ser enviados por fax por dificuldades no tráfego de e-mails.

A Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) informou que a pane atingiu a rede do governo, Intragov, suspendendo a comunicação entre os órgãos. Já a Secretaria de Segurança Pública do Estado sofreu paralisações em distritos policiais que enfrentaram dificuldades até para cadastrar novas prisões em flagrante no sistema. A Caixa Econômica Federal informou que a pane atingiu 170 das 900 lotéricas existentes na capital e Região Metropolitana de São Paulo.

A Eletropaulo, distribuidora de energia elétrica paulista, registrou a paralisação dos serviços prestados aos consumidores, incluindo o call center, o site da companhia, e os mais de 40 postos de atendimentos na Grande São Paulo.

As ameaças de prejuízos financeiros para a operadora se somam. Os grandes contratos são regidos por acordos de nível de serviço, que dá ao cliente o direito de ressarcimento e pagamento de multas em caso de ficar sem acesso por um tempo superior ao acordado entre as partes.

Valores das multas

A Prodesp revelou que mobilizou equipe jurídica para estudar o valor da multa. O contrato de prestação de serviços firmado com a operadora para o período 2005-2010, de R$ 200 milhões, prevê que a rede nunca ficaria fora do ar, funcionando sete dias por semana e 24 horas ao dia, e que, em caso de algum tipo de problema, um sistema redundante entraria no lugar.

A Fundação Procon-SP afirmou que aplicaria multa de R$ 3,19 milhões. Em Brasília, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) comunicou que vai investigar o acontecimento, podendo aplicar desde uma simples advertência até uma multa de R$ 50 milhões.

Perguntado sobre se a empresa estaria preparada financeiramente para os processos legais que deve sofrer, Valente disse que isso nem começou a ser tratado ainda. "Não estamos pensando em nada, além de colocar o serviço de volta aos nossos usuários", afirmou.

Fonte: Gazeta Mercantil.

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